História da segunda guerra

A posição estratégica de Natal para a aviação mundial foi evidenciada já a partir dos anos 1920 e no final da década de 1930, as Forças Armadas Norte Americanas, consideravam a cidade de Natal como de vital importância para a defesa do Continente Americano. A capital potiguar está localizada de maneira a facilitar e baratear os deslocamentos para África e Europa. Por essa razão, foi chamada por muitos de “a encruzilhada do mundo”.

Mas foi a partir de 7 de dezembro de 1941, com o ataque japonês a Pearl Harbor que a localização privilegiada de Natal atraiu de vez o interesse dos americanos. Getúlio Vargas negociou habilmente com o presidente norte-americano Franklin Roosevelt. Em 1943, os dois presidentes se reuniram em Natal e acertaram a parceria que incluía também a entrada do Brasil na guerra lutando ao lado dos aliados.

A partir de então, a presença militar americana em Natal se tornou intensa. Parnamirim Field era, na década de 1940, uma das maiores bases aéreas americanas em território estrangeiro. Ao fim da guerra, o fato rendeu à capital potiguar o apelido de “Trampolim da Vitória”.

Memórias da segunda guerra

A presença dos artistas de Hollywood

Para elevar a moral da tropa, o Governo dos Estados Unidos mantinha três clubes em Natal, sendo um dentro da base de Parnamirim Field e outro dois na cidade. Os chamados United Service Office (USO) era destinados aos militares e, em algumas situações, à população, com atrações culturais das mais diversas, tais como peças teatrais, programas de rádios e musicais. Devido a importância de Natal na rota de aeronaves, muitos artistas de renome internacional tiveram que passar por aqui e, eventualmente, se apresentaram nos USO locais.

Isto provocou uma onda de boatos sobre os nomes que realmente estavam na cidade ou que por aqui passaram, mexendo com o imaginário dos populares.

Os blackouts

No período da guerra, devido o risco de um provável bombardeio inimigo, a população de Natal teve que se acostumar os com temidos “blackouts”, ou seja, determinada hora da noite nenhuma edificação poderia ter luzes acessas, pois isto denunciaria a posição estratégica da cidade em caso de ataque. O conhecido coronel Sucupira tratava o assunto com seriedade e ia nas casas dos contraventores. Conta a estória, que a única pessoa que permanecia com luz era o escritor Câmara Cascudo. Há inúmeros relatos de pessoas que sofriam com o medo, principalmente, em dias de ataques simulados.

CRONOLOGIA

1941

Ano fundamental na escolha de Natal como base norte-americana, mesmo antes da entrada dos Estados Unidos e, sobretudo, do Brasil na segunda guerra. Notadamente um período de desconfiança entre os cidadãos natalenses com os recém chegados americanos, tendo em vista que parte da população se autodeclarava simpatizante dos alemães, presentes desde o início da década de 1930. Este clima de desconfiança foi palco para uma série de histórias de espionagem e atividades militares clandestinas. Período de indefinição quanto a posição brasileira na guerra em expansão pelo mundo, ao ponto de existir uma eterna suspeita acerca de uma invasão alemã.

06 de maio

Chega o primeiro superintendente da PAA / ADP , Serge Mejido, cidadão americano enviado pelo ADP para assumir a construção da base do Campo de Parnamirim;

01 de julho

Informação de que em 28 de julho passaria por Natal oito aviões Lockheed Lordestar, destinado aos ingleses;

09 de julho

Documento autoriza a construção da base de hidroaviões da U.S. Navy;

10 de julho

Serge Mejido, o superintendente de construção da Pan-American, deu início a construção da base terrestre em Parnamirim;

25 de julho

O decreto-lei presidencial nº 3.462, que autorizou as obras aos americanos em Parnamirim;

06 de agosto

Início da construção da base de hidroaviões da U.S. Navy;

12 de agosto

Incêndio em Parnamrim levanta suspeita sobre cidadãos italianos ou simpatizantes alemães em Natal;

22 de setembro

Sr. Giles B. Keeny chega a Natal para relatar andamento das obras ao Exército dos EUA, atividade espiã;

18 de novembro

Americanos denunciam atividade espiã dos italianos da LATI, em 20 de novembro, sobre vôo em baixa altitude e velocidade, de aeronave que iria para Recife;

04 de dezembro

O diplomata japonês Masakatsu Nosaki passa por Natal;

07 de dezembro

Ataque japônes a ilha de Pearl Habor, território norte-americano no Pacífico;

11 de dezembro

Chega a Natal o primeiro esquadrão militar, o VP-52 com as populares aeronaves PBY-5 “Catalina”;

15 de dezembro

General Cordeiro de Farias informa da preocupação em ter na cidade materiais bélicos e a aquisição de defesa anti-aérea.

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1942

A construção das bases americanas, em Parnamirim e na Rampa, começa a tomar forma e isto reflete na economia e cultura de Natal, com geração de emprego e presença cada vez mais comum dos americanos na sociedade. Ao mesmo tempo, o temor da guerra começa a chegar mais perto do Brasil e, consequentemente, de Natal.

Janeiro

Brasil rompe relações com os países do Eixo;

Fevereiro

Aumenta a desconfiança em torno de transmissões clandestinas direcionadas a Berlim, reportando o movimento de navios e aviões em Natal. O caso foi levado as autoridades brasileiras, que se comprometeram em investigar;

02 de fevereiro

Primeiro acidente aéreo com avião militar, quando uma B-17 “fortaleza voadora” cai, às 21h, em Parnamirim, matando nove militares;

02 de março

Tem início os exercícios de black-out em Natal, após a suspeita de que germanófilos passaram informações via rádio sobre o cotidiano da cidade;

27 de março

Ação militar contra os “espiões”, com cidadãos detidos, entre eles um padre. (Frei Damião chegou a ser considerado um propagador da Alemanha);

21 de julho

Relatório aponta a presença de 1.124 militares da Marinha ou cidadãos americanos em Natal;

Agosto

Brasil decreta guerra à Alemanha;

30 de dezembro

Relatório de conclusão das pistas A e C de pouso e da infraestrutura de Parnamirim Field.